Eu trabalho na Educação há 8 anos. Não é muito tempo em vista
de outros professores, mas já é algo para ver o rumo que a Educação vem
tomando. E isso começa quando ainda era aluna, há mais de 10 anos. Quando
eu ainda estudava foi implantado o sistema do “não vamos reprovar ninguém” e
tudo começou a ficar de um jeito que fizeram muitos professores odiarem dar aula.
Eu, como ainda não era professora, também odiei, pois não conseguia aprender.
Enfim, entrei na faculdade, fiz o meu curso e fui à escola lecionar. E, por incrível
que pareça, eu peguei os dois lados da moeda, porém esse não é o meu foco para
agora...
No decorrer dos anos, passei por diversas capacitações de
como tornar uma aula agradável, de como trabalhar as múltiplas inteligências,
de como trabalhar individualmente e em equipe. Eu diversifico as minhas aulas
para tentar agradar a todos. Atualmente tenho mais de 350 alunos do Ensino
Fundamental 1 e 2. Já lecionei no Ensino Médio e no Ensino Privado também. Já perdi as contas de quantos alunos
tive!
Mas então, hoje vejo meus alunos de 5° série, de 8 anos
atrás, na faculdade. Eu sei que esses meus alunos saíram de uma educação que
deixou muito a desejar, em que o governo faz experiências, e acaba desmotivando o
professor. E, além disso, os pais são ausentes, pois estão correndo atrás de trabalhos para dar
uma vida melhor para o seu filho, deixando-o com a famosa “babá-eletrônica”.
Essa situação problemática (que passou no Ensino Infantil, depois para o Fundamental e, por último, para o Médio), já entrou no Ensino Universitário! E hoje,
sou universitária (novamente). Vejo como é a preparação que a gestão
universitária dá aos seus professores.
Vejo que, diante das muitas capacitações educacionais que eu
tive e que pedem para que trabalhemos com grupos, duplas, trios,
individualmente, isso se perde na faculdade, pois só priorizam o trabalho em
grupo, para facilitar “correções”, (já até vi prova em grupo e com consulta
para facilitar isso!). Dizem que é uma simulação de mercado, mas mercado de
trabalho não precisa ser simulado, pois quem trabalha nele, sabe como ele é de
fato.
Voltando ao assunto, fazem competições entre os grupos e até
mesmo dentro do grupo, tornando os alunos egocêntricos, querendo sempre a
vitória e assim “passando” por cima daqueles que não ganharam.
O interessante é que isso foi falado numa última capacitação
que eu tive. Nessa capacitação, a palestrante veio com o pedido “evitem esse
tipo de competição exacerbada, pois isso faz mal para o indivíduo, tornando-o egocêntrico e nós temos que educá-lo para o coletivo”.
E eu vivo
nessa situação do tentando fazer o melhor de mim para ensinar os meus alunos a
serem melhores e terem objetivos melhores para o futuro. Mas o futuro está aí e,
enquanto ensino universitário (pelo menos em universidade privada!), tem sido excludente!
Universidade não é mercado de trabalho para montar empresas
experimentais! Universidade é um local de ensino, assim como a rede de ensino
municipal e estadual. As empresas experimentais devem sair da vontade do universitário e não
da imposição de um sistema que está sentindo reflexo da educação estadual falida!
Isso é uma crítica com relação ao ensino superior, pois eu, assim como muitos outros colegas professores, faço o máximo para mandar bons alunos para a universidade e, quando chega na faculdade, ela não prioriza a diversidade educacional existente e se prende a um único método de ensino!
Joyce Cristina Leme Gomes
Professora da Rede de Ensino de Poá, Graduada em Letras (UBC), Graduando em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda (UMC). É voluntária como Secretária na Diretoria Executiva, bem como na Comunicação da Organização Não Governamental (ONG) Associação Cultural Opereta. Atualmente desenvolve o blog da Associação Cultural Opereta, Joyce Gomes: Professora e Publicitária e Cantinho das Letras.