Há tempos, muitas crianças brincavam na rua. Naquela época ainda não havia preocupações com assaltos, bandidos, sequestros. As crianças apenas brincavam de pega-pega, esconde- esconde, cantavam, dançavam ou ficavam apenas sentadas nas guias descansando. Enquanto isso, nesse meio momento de bagunça, os adultos sentavam na calçada, encostavam-se contra a parede e ficavam proseando com os vizinhos.
Algumas ruas eram largas, outras estreitas, mas mal passavam carros ainda... As pessoas conversavam umas com as outras. Os vizinhos não eram apenas conhecidos de cumprimentos como é hoje em dia. Eles batiam na porta para pedir açúcar ou sal e ficavam mais um tempinho conversando. Além dessa aproximação, cumprimentavam-se, abraçavam-se, demonstravam afeto ou, apenas, se consolavam.
Os vizinhos eram mais do que conhecidos; eram amigos, irmãos, primos, apenas por consideração. Antigamente, contava a minha avó que as ruas eram bem agitadas, cheias de calor humano, respeito ao próximo, sendo este amigo, tia ou pai. E se tratavam por “compadre” e “comadre”. E as crianças tomavam padrinhos ou primos emprestados.
Nessa época, a escola era para uma minoria. Não era comum mandar as meninas para a escola. E os meninos eram obrigados a estudar para trabalhar e sustentar a família, que futuramente formariam.
Hoje em dia, quase todas as crianças estão na escola e a maioria não quer nem aprender. As pessoas não se conversam e nem se tratam respeitosamente. Não há abraços, afeto e muito menos conversas. O que há é pessoas que se intitulam amigas e passam a maior parte do tempo ausentes da vida outro. As pessoas utilizam a tecnologia para se comunicar e perdem o calor humano. Elas chegam ao curso universitário, mas não são todas que conseguem interpretar textos. Essas mesmas pessoas estão vivenciando um mundo caótico, onde o egocentrismo predomina e a carnificina está à solta. Hoje é normal ser banal.
Está tudo tão moderno e sem limite. Os valores aprendidos foram esquecidos. O pensamento sobre a depressão e o suicídio são constantes. E as pessoas dominadas pelas propagandas e o consumo desenfreado de produtos sempre querem ter mais e descobrem que nunca tiveram o suficiente. É perceptível que os valores foram distorcidos. O certo se tornou errado. E o individualismo sufoca e desestrutura até mesmo o coletivo familiar.
As desconstruções dos valores continuam. Não há como voltar ao passado. E as ausências continuam...
Quero mesmo é morar com os leões no zoológico (porque nem florestas existem mais)! Mas em espaços diferentes, é claro!
Joyce C. L. Gomes
10 de novembro de 2014
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Professora da Rede de Ensino de Poá, Graduada em Letras (UBC) e em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda (UMC). Conquista da Menção Honrosa e de Prêmios com o grupo Vibe Comunicação na UMC: Relatório Acadêmico "Do Fusca ao New Beetle: Trajetória de Campanhas (Menção Honrosa - 2009)"; Painel, Relatório e Campanha Alternativa "Marketing Esportivo no Futebol" (Prêmio Excelência - 2010); Painel e Campanha Publicitária "Associação Cultural Opereta" (Prêmio Excelência - 2011). Participou do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/UMC) com a pesquisa "Trajetória de campanhas do Fusca e o seu impacto sobre o consumidor" (2010/2011). Foi voluntária, de 2011 a 2013, como Secretária na Diretoria Executiva, bem como na Comunicação da Instituição Cultural Sem Fins Lucrativos Associação Cultural Opereta. Conquista do Prêmio (2011) e da Menção Honrosa (2012) no 7º e 8º Prêmio Mogi News/ Chevrolet de Responsabilidade Social com o Projeto "Passos da Paixão", da Associação Cultural Opereta. Recebeu convite e teve 10 poemas publicados na coletânea “Palavra é Arte”, da Cultura Editorial (2014). Atualmente desenvolve os blogs Anderson Borges, Balcão da Arte, Guitarra Flutuante e Joyce Gomes: Professora e Publicitária.
Balcão da Arte
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